Frankenstein - Mary Shelley

Autora: Mary Shelley
Número de Páginas: 304
Editora: Darkside
Lançamento: 2017 *1ª Edição lançada em Janeiro de 1818
Sinopse*: O arrepiante romance gótico de Mary Shelley foi concebido quando a autora tinha apenas dezoito anos. Seu livro de estreia é um marco do romance gótico, verdadeiro ícone do terror e influência fundamental para o surgimento da ficção científica. A criatura de Frankenstein é considerada o primeiro mito dos tempos modernos. Inebriado por uma sociedade cientificista e encantado com a alquimia medieval, um estudante decide criar um ser humano. Quando, porém, ele dá o sopro de vida à criatura, é tomado de horror e foge, abandonando sua invenção. Com uma personalidade a um só tempo dócil e cruel, forjada numa existência solitária no mundo, o monstro decide ir atrás de seu criador. Mas é novamente rejeitado e, amargurado pelo modo odioso com que é tratado pelas pessoas, inicia a mais cruel das vinganças, que desencadeia uma dupla perseguição e um inevitável fim trágico. O resultado é uma daquelas histórias eternas, maiores do que a vida.
* sinopse compilada por mim!
Nunca imaginei que um dia leria e fui maravilhosamente surpreendida por Frankenstein.
Um símbolo da literatura moderna, é considerado o primeiro livro de ficção científica e nele encontrei uma escrita fácil e muito envolvente.
Quem espera um banho de sangue e cenas de suspense se decepciona. É um romance gótico e mantém essa pegada de reflexão e sofrimento do começo ao fim.
Victor Frankenstein é um jovem suíço que se vê brilhante e inteligente, ávido por conhecimento, ingressa na faculdade porém seus mestres não o consideram tão ilustre assim, tomado por frustração resolve surpreender aqueles que o humilharam, se dedicando a mais nova ciência de reanimar tecidos mortos através da eletricidade.
"Por mais que se tenha feito", bradou a alma de Victor Frankenstein, "muito mais eu alcançarei. Desbravarei novos caminhos, explorarei forças desconhecidas e revelarei ao mundo
os mistérios da criação".
Após longos meses de muito trabalho e dedicação, seu experimento toma vida e o resultado é uma criatura tão monstruosa que o próprio criador, tomado de nojo e horror, a repudia. Assombrado pela possibilidade da criatura se revelar, Victor fica paranoico sobre o paradeiro dela e chega a adoecer, até que as tragédias chegam ao seu encontro e ele se vê obrigado a ir à caça de sua criação.
Como disse não é um livro sanguinário, mas o terror e o gótico estão nas tragédias que não tem fim, é sofrimento em cima de sofrimento.
Após ter criado coragem para caçar a criatura Victor se lança em uma aventura solitária determinado a reparar seus erros, mas enquanto Victor se agoniza em culpa, percebemos que existe o outro lado da mesma história. A narrativa da criatura é encantadora e suas percepções a cerca do mundo nos põe em reflexão a todo momento.
Os acontecimentos e a forma como Victor lida com eles dá um ritmo muito gostoso de leitura e nos deixa sempre querendo ler mais um pouquinho. Os embates criatura e criador são a maior fonte de reflexão do livro, são diálogos inteligentes que trazem os acontecimentos sob os dois pontos de vistas nos deixando pensando por horas a fio em apenas uma frase.
Quem narra a história é Victor e ele fica se justificando a todo momento, isso me deu uma raiva dele, principalmente quando conhecemos melhor a criatura e mais para o final do livro fui sentindo pena da pessoa tão atormentada pelos seus erros, que não conseguiu enxergar nem a própria criação.
Meu maior encanto com esta obra é de que forma um livro escrito há mais de 200 anos pode ser tão atual e nos fazer refletir dilemas e problemas que enfrentamos hoje?
É uma obra que nos põe para pensar sobre preconceito, ética, humanidade, julgamentos, caridade, justiça e eu poderia escrever mais uma página só sobre isso.
O livro todo é um enaltecimento da família, para mim ficou nítido como a base familiar, seus valores, os sentimentos de pertencimento e amor moldam nossas decisões e forma de viver.
Minha maior reflexão foi em como teria sido esta história se a criatura tivesse sido amada? Se sua aparência tivesse sido deixada de lado? Como seria o fim do Victor e sua família se ele não fosse tão egoísta e cego em seu medo e preconceito? E até onde o homem pode ir em sua ganância e maldade?
"Aprenda, se não pelos meus preceitos, pelo menos por meu exemplo,
o
perigo que representa a assimilação indiscriminada da ciência,
e quanto é mais
feliz o homem para quem
o mundo não vai além do seu ambiente cotidiano,
do
que aquele que aspira tornar-se maior do que sua natureza lhe permite."
Conhecer a história da autora Mary Shelley é indispensável para uma compreensão mais ampla da obra e para mais reflexões. Na edição da Darkside existe um resumo da vida dela e de como o livro começou a ser escrito, além dos dois primeiros prefácios dos livros originais e a resenha escrita por seu marido Percy Bysshe Shelley.
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