Drácula - Bram Stoker

“Pode fazer tudo isso, mas não é livre. Está mais preso que escravo na galé ou o louco na cela. Não pode entrar em lugar algum pela primeira vez, a não ser que alguém da casa o convide, embora, depois, possa entrar à vontade. Seu poder, como o de todas as coisas malignas, cessa com o nascer do dia. Apenas em certas ocasiões tem uma liberdade ilimitada.”

O que escrever sobre uma obra atemporal e que foi eternizada tantas vezes através do teatro e do cinema?

Nunca tinha lido nenhum clássico até ano passado, a leitura de Drácula não atraiu mas mesmo assim me encantei com os personagens e a mitologia da história.

Seu personagem principal, Conde Drácula, tem poucas aparições mas marca sua presença com atitudes refinadas, porte elegante e um repertório digno de uma boa noite de conversa.

Conhecemos Drácula através de Jonathan, um advogado contratado para ajudá-lo na aquisição de terras em Londres, para finalizar as transações Jonathan viaja até o castelo de seu cliente na Romênia, como se não bastasse a viagem ter sido repleta de mistérios e estranhezas, sua estadia no castelo foi terrível. Apesar de o Conde ser extremamente cortês, impede seu hóspede de se corresponder com outras pessoas e exige que ele permaneça no castelo por um mês, intrigado com seu anfitrião, Jonathan resolve investigar até que descobre que na verdade é prisioneiro de uma criatura asquerosa.

Número de Páginas: 580

Editora: Darkside

Lançamento: 1897 - 2018

A obra atemporal de Bram Stoker narra, por meio de fragmentos de cartas, diários e notícias de jornal, a história de humanos lutando para sobreviver às investidas do vampiro Drácula. O grupo formado por Jonathan Harker, Mina Harker, dr. Van Helsing e dr. Seward tenta impedir que a vil criatura se alimente de sangue humano na Londres da época vitoriana, no final do século XIX.

Um clássico absoluto do terror, Bram Stoker define em Drácula a forma como nós entendemos e pensamos os vampiros atualmente. Mais que isso, ele traz esse monstro para o centro do palco da cultura pop do nosso século e eterniza o vilão de modos refinados e comportamento sanguinário.

Depois desse início, o enredo transcorre de forma epistolar, através de cartas entre Jonathan e sua noiva, entre seus amigos e registros de diários dos personagens. Desta forma descobrimos que Jonathan fugiu do castelo e que o Conde está viajando para Londres, assim começa uma corrida contra o tempo para identificar onde ele irá desembarcar, para seguir seus passo e impedir que ele faça mais vítimas por toda a Londres.

Os personagens foram uma boa surpresa para mim, me encantei com a Mina Murray (Mina Harker depois) com sua independência e inteligência, ela foi responsável por reunir as informações e desvendar parte do mistério do paradeiro do Drácula e Abraham Van Helsing, profundo conhecedor dos vampiros e líder da empreitada contra eles, teve um personagem que é pouco lembrado mas para mim foi fundamental na trama que é Renfield, paciente do Dr. Seward que perdeu seu juízo e é influenciado por Drácula. E que me levou refletir: Será que perdeu o juízo porque foi influenciado, ou foi influenciado porque não tinha juízo perfeito? Ou será que ele perdeu mesmo o juízo? Sinto que talvez ele seja o que tenha mais juizo de todo mundo!

"A falha da nossa ciência é querer explicar tudo, e quando não consegue 

diz que não há nada a explicar."

Enfim tudo o que conhecemos sobre vampiros hoje devemos a Bram Stoker e ao Dr. Van Helsing, foram eles que nos ensinaram a defesa com alho, sobre a eficiência da cruz, da hóstia e da água benta, e sobre a estaca no coração. Foi através deste clássico que descobrimos que vampiros não possuem reflexo em espelhos e dormem em caixões.

Minha decepção com este livro foi que eu esperava sentir medo ao lê-lo, mas o sentimento que impera é um misto de surpresa e daquele suspense que paira no ar, um farfalhar de folhas na escuridão e uma latida de cachorro ao longe, Drácula é sutil e elegante e só percebemos que ele esteve lá após sua partida, assim conhecemos suas vítimas e seus passos.

Talvez meu erro tenha sido lê-lo após Frankenstein, que para mim foi uma leitura completa, assim não senti o mesmo com Drácula, é uma história simples de caçada a um inimigo em comum.

Contudo mesmo sendo uma história simples, o fato da narrativa ser em forma de cartas, registros e recortes de notícia dá uma velocidade na leitura que é impossível deixar o livro de lado, também nos permite vivenciar a mesma história de diversos ângulos, nos aproximando dos personagens e criando um delicioso clima de suspense.

Outro ponto positivo é a mitologia e o arquétipo do vampiro criada por Bram Stoker que é fascinante, e nos faz lembrar de cada referência que já vimos em nossa vida sobre isso, seja desenho animado, figura, filme, etc. e isso traz uma nostalgia muito boa!

Enfim gostei muito do livro, possuo a edição da Darkside que está linda e que contribui muito para entrarmos no clima. Espero um dia poder relê-lo e quem sabe gostar mais da história!