Se não eu, quem vai fazer você feliz - Graziela Gonçalves



“Eu tenho uma alma que é feita de sonhos[...]” 

Conheci o CBJr já no primeiro CD, suas músicas foram a trilha sonora da minha adolescência e quando vi este livro fiquei muito animada com a leitura, mesmo não sendo atraída por biografias, me interessei muito pois quem escreve é Graziela Gonçalves, viúva do Chorão.

Ela narra como se conheceram em Santos e começaram o namoro, na época Ale (como ela o chamava) já tinha uma banda de rock e estava buscando seu espaço na cena musical da cidade, ela como “toda patricinha” (adora um vagabundo) era muito ligada à música, logo o sonho do seu amor se tornou seu também. Tomo a liberdade de dizer que, se não fosse por ela, acho que o CBJr nem existiria como o conhecemos. A história de amor dos dois é a todo momento entrelaçada à história da banda.

“O amor pela música nos tornava cúmplices, 
como se dividíssemos um segredo só nosso, 
e reconhecíamos, com respeito, 
poder que ela tem de forjar elos inesquecíveis.” 


288 páginas
Editora Novo Século
Lançado em 2016

Um dos maiores ícones do rock nacional, Alexandre Magno Abrão, o Chorão, conquistou o Brasil sobretudo pela sua entrega na hora de compor e cantar. Essa mesma intensidade marcou a história de amor ímpar vivida com Graziela Gonçalves, que conta neste livro como o relacionamento de quase vinte anos dos dois a transformou para sempre. Ela conheceu o cantor antes de sua banda estourar e se tornar uma das mais populares do país. Com suas ideias e seu apoio, Grazi teve participação importante na construção do sucesso do Charlie Brown Jr. Foi a grande musa de Chorão, que escreveu inúmeras letras inspirado nela. Como companheira de Alexandre, passou com ele os melhores e os piores momentos, e o ajudou a enfrentar a dependência química, que o levou, tragicamente, à morte em 2013. Se não eu, quem vai fazer você feliz? não vai tocar apenas os fãs de Chorão. Mesmo sem conhecer sua música, é impossível não se emocionar com a força desse amor que sobreviveu à fama, às crises e até à morte ― e que é homenageado neste livro.
Ao longo do livro ela nos apresenta uma pessoa muito diferente do que costumávamos ver nas telas, além de uma personalidade forte ela nos mostra que ele tinha um coração enorme, era romântico, muito profissional e tinha muita garra, respeitava sua família e amava seus amigos.

Também mostrou que ele odiava com a mesma intensidade que amava, tinha crises de ciúmes com a mesma velocidade em que tirava sua blusa para dar ao mendigo, que seus sentimentos eram sinceros e suas intenções as melhores, mas, como todo ser humano, ele cometia erros e foi tão delicada ao contá-los que não manchou sua memória, mas tornou ainda mais admirável.

“Não existem culpados. 
Assim como não é possível passar por essa vida 
sem cometer erros.”

A banda alcançou o sucesso que eles sempre sonharam, mas o relacionamento da banda foi piorando, principalmente entre Chorão e Champignon, Grazon nos revela o quanto isso magoava o vocalista que tinha o melhor amigo como um filho. Ela também nos mostra como foram as tentativas de reconciliação enquanto Chorão buscava manter o sucesso alcançado, lidava com a dependência de cocaína e seus próprios fantasmas.

Era evidente o impacto positivo que ele causava na vida de muitas pessoas, e aquilo era incrível e especial. Pode parecer absurdo, mas o Alê ainda tinha uma insegurança imensa em relação ao seu valor, então, quando lia um relato daqueles (um e-mail dizendo que a música ajudou muitos fãs), ele se enchia de motivação.
Era como se ele encontrasse uma validação para tudo o que estava fazendo. Mostrava que estava cumprindo mais do que uma missão artística, que realmente fazia diferença para melhor na vida de muitas pessoas.”

O livro é uma delícia de ler, é muito fluído e ela coloca tanto carinho na escrita que é possível senti-lo, para mim, que não perdi um show deles na minha região, foram momentos de revelações e muita nostalgia. Apesar de saber como o livro acaba, não pude deixar de chorar, acho que chorei por um sonho lindo que acabou mal e também porque pude perceber a pessoa incrível que perdemos.

P.S.: Acho que também chorei porque nunca mais vou ir a um show deles e gritar que amo o Champignon hehehe.

“O Alê - que o Brasil todo conhecia como Chorão - 
tinha alcançado tudo o que um dia sonhara para a sua vida. 
No entanto, nunca havia se sentido tão infeliz.”

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